Uma das grandes dúvidas que os motoristas brasileiros possuem sobre automóveis, e que é difícil de se obter informação já que muita coisa se tornou mito, é se utilizar a famosa técnica “Banguela”, ou seja, deixar o carro em ponto morto em um declive, economiza gasolina ou não. Esta pergunta ainda é mais importante nos tempos atuais onde a gasolina esta a cada dia com o preço mais alto, chegando a valores exorbitantes no mercado brasileiro.
Primeiramente, temos que separar a explicação em duas partes, uma para injeção eletrônica e outra para câmbio manual:
Não. A injeção eletrônica pode inclusive consumir mais se utilizar o carro em ponto morto em uma descida. Na injeção eletrônica, se o carro estiver em marcha-lenta (ou seja, quando nenhuma marcha esta engatada, apenas deixando o carro na aceleração mínima para não desligar o motor) o sistema resulta em um pedido maior de combustível por parte do sistema comumente chamado de “cut-off”.
Na injeção eletrônica, somente quando é acionada a quinta marcha é que o carro para de consumir combustível. Isso acorre porque na quinta marcha a rotação sobe e fica em uma média de 1.500 a 2.000 rpm. Nesta velocidade (e sem aceleração, logicamente), o sistema “cut-off” entende que o carro está funcionando por meio de embalo, assim travando a passagem de combustível.
Quando o motorista fica em ponto morto, o sistema “cut-off” entende que precisa-se de combustível para dar aceleração ao carro, assim podendo requisitar uma quantidade maior de gasolina. Se o motorista não estiver em ponto morto em algum declive, a central verifica a situação do veículo e diminui o combustível injetado na câmara, assim economizando mais gasolina do que se o motorista estivesse fazendo a famosa “Banguela”.
Antes dos anos de 1990 os principais sistemas dos automóveis, como o motor, eram totalmente mecânicos. Hoje em dia, com componentes eletrônicos, muito mudou no funcionamento do carro, e mesmo em ponto morto, funções como a da embreagem (responsável pela comunicação entre o sistema de transmissão e a caixa de marcha) ainda podem consumir combustível. Ou seja, mesmo com o carro em movimento, a injeção eletrônica continua a enviar as mensagens ao computador resultando no uso de combustível para realizar tal tarefa.
Diferente da injeção eletrônica, não tem economia continuar com o motor ligado durante um declive, porém pegar aquela “Banguela” consome combustível de qualquer maneira, tanto estando em ponto morto ou não.
Na verdade não. Utilizar a “Banguela” é mais desvantajoso, já que o motorista perde o controle do carro. Observe as imagens a baixo:
Aqui o carro está em ponto morto. O anel sincronizador fica no meio, entre o eixo secundário e o diferencial. Isso significa que não há comunicação entre o motor e a roda, deixando o motorista sem controle do veículo.
Nesta imagem o carro esta engato na primeira marcha. Isso significa que o motor consegue transmitir força para as rodas já que o anel sincronizador está se comunicando com o diferencial, deixando o motorista com o controle total do carro.
O único controle que o motorista tem quando está em ponto morto é o controle de parada do pedal do freio.
Além da falta de controle, há outro porém: é ilegal por lei utilizar a técnica “banguela”. Está no código de Trânsito Brasileiro, artigo 231. Ao motorista desavisado das desvantagens desta técnica pode acabar levando uma infração média e perder 4 pontos na carteira, assim como ter que pagar uma multa de R$ 85,00.
Desgaste de freios: sem a força do motor para auxiliar nos freios, o sistema pode apresentar falhas graças ao super aquecimento dos mesmos, sobrecarregando o sistema de frenagem.
Problemas no câmbio: dirigir em ponto morto faz que o veículo, com o tempo, tenha seu sistema do câmbio travado, já que a lubrificação da caixa de marchas é interrompida. A longo prazo o prejuízo pode ser enorme para o motorista.
Perigo se precisar virar o carro: caso necessite virar o carro em alguma direção durante uma curva, ou necessite usar a direção defensiva para evitar algum imprevisto, o motorista fica sem controle total do carro, podendo acarretar em acidentes gravíssimos.
Como podemos ver, utilizar a técnica “Banguela” (dirigir o carro em ponto morto) é desvantajoso e pode acarretar em acidentes, além de não fazer muita ou até mesmo nenhuma diferença na economia do combustível do carro. Por isso, fique atento!!!
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